Professora do curso de Nutrição tem trabalho citado pela OMS
Organização Mundial de Saúde incluiu trabalho da Paula dos Santos Leffa como referência em revisão sistemática para elaboração de diretriz
Notícia boa é para ser compartilhada. E dessa vez o conhecimento produzido pela comunidade acadêmica do UDF alcançou relevância global!
A Profa. Paula dos Santos Leffa, do nosso curso de Nutrrição, teve um de seus trabalhos citado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Demais, não é?
Longitudinal associations between ultra-processed foods and blood lipids in childhood foi citado na revisão sistemática Unhealthy foods and beverages, no documento The impact of greater consumption of unhealthy foods and beverages in children under 10 years on risk of malnutrition and diet-related non-communicable diseases: a systematic review and meta-analysis.
O documento embasa a recém-lançada diretriz da OMS WHO Guideline for complementary feeding of infants and young children 6-23 months of age (Diretriz da OMS para alimentação complementar de bebês e crianças pequenas de 6 a 23 meses de idade, em tradução livre).
Basicamente, a publicação recomenda que alimentos ultraprocessados não devem ser consumidos até os 2 anos de idade, considerando como tais os alimentos não saudáveis, aqueles com alto teor de açúcar, sal e gorduras trans, bebidas adoçadas e adoçantes artificiais.
O estudo fez parte de uma revisão sistemática que posicionou as recomendações presentes na diretriz da OMS – e não houve nenhum contato prévio entre a docente e o órgão para a citação.
Saúde da criança
Responsável pela disciplina de Nutrição Materno Infantil no UDF, a Profa. Paula conta que desde a graduação teve a temática materno-infantil como área de interesse.
“Consegui fazer meu mestrado e doutorado na área com uma pesquisadora extremamente relevante e importante na temática, a Dra. Márcia Vitolo, que há anos desenvolve estudos nessa área. Durante esses seis anos, entre mestrado e doutorado, participei de alguns estudos que acompanhavam crianças ao longo dos anos, estudando os impactos da nutrição nos desfechos de saúde”, disse.
O trabalho citado na revisão sistemática foi parte da sua tese de Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, que analisou mais de 300 crianças em dois momentos de suas vidas: aos 3 e aos 6 anos de idade.
“Verificamos que crianças que consumiram maior quantidade de alimentos ultraprocessados aos 3 anos de idade apresentavam níveis mais altos de colesterol total e triglicerídeos em comparação com aquelas que consumiram menos alimentos ultraprocessados”, disse, explicando que o estudo partiu de informações fornecidas pelos pais sobre quais eram os alimentos consumidos pelas crianças durante 24 horas e dos resultados dos exames de sangue para os níveis de colesterol total, HDL e LDL.
Mesmo em crianças pequenas, o consumo de ultraprocessados está associado com impactos negativos à saúde.
Padrões saudáveis
O cerne da diretriz está na alimentação complementar, introduzida dos 6 aos 23 meses, quando a criança já não consome apenas leite, leite materno ou fórmula láctea e precisa receber novos alimentos.
A diretriz procedeu a revisões sistemáticas em nove aspectos, como amamentação continuada, leites dos 6 aos 11 meses e dos 12 aos 23 meses, idade de introdução de alimentos complementares, alimentos de origem animal, frutas e legumes e nozes, leguminosas e sementes, alimentos e bebidas não saudáveis, alimentos complementares fortificados e alimentação responsiva.
Estabelecer padrões alimentares saudáveis a longo prazo ou incorrer em risco de falha no crescimento e deficiências nutricionais são tópicos de interesse especialmente de quem for responsável pela concepção, implementação e expansão de programas para alimentação de bebês e crianças pequenas, bem como de pais, cuidadores, profissionais de saúde, médicos e instituições acadêmicas, entre outros.
Importância da citação
Mediante o alcance das recomendações de uma diretriz tão importante, a Profa. Paula comentou: “Quando estamos pesquisando, fazendo a ciência acontecer, buscamos de fato como podemos, por meio da ciência, melhorar as condições de saúde da população”.
“Ter um trabalho citado pela revisão sistemática da diretriz da Organização Mundial da Saúde é poder visualizar o quanto as evidências científicas estão trabalhando para melhorar e aprimorar as recomendações e, assim, possam ser implementadas em diferentes níveis, participando da tomada de decisões de políticas públicas. É crucial para que possamos melhorar as condições de alimentação e nutrição, que, hoje, são os fatores que mais impactam na carga global da doenças e morte em todo o mundo”, finaliza a docente.